#2: top músicas pra sentir os 19 anos
entre 14 de julho e 14 de agosto, tive meu último mês tendo 19 anos, portanto presumi que eu sei alguma coisa ou outra para indicar sobre essa idade tão horrível.
A ideia dessa pauta veio de um dos meus mais estimados amigos, Leonardo Henrique, que é a pessoa mais especial que você pode conhecer. Especial no sentido amplo da palavra.
Meu plano inicial era ter lançado a primeira edição da newsletter ainda em agosto, e escrever essa aqui a tempo de elaborar que seria meu último mês com 19 anos. Bom, não deu. Mas agora tenho mais de um mês como uma pessoa com 20 anos. Tô mais experiente pra discorrer sobre esse tópico tão sério.
A minha pesquisa não foi muito extensa, devido ao fato de eu ser completamente obcecada com escutar músicas que citam a idade que eu estou vivendo. Imagina o estrago que Marina Diamands fez na minha vida quando eu tinha dezessete.
O que mais surpreende nessa seleção, é que nenhuma delas é no mínimo positiva. E sim, eu sei que prometi um “top”, um “ranking”, no título desta edição, mas eu não me atrevo a classificar a tristeza de ninguém. Ou seja, a posição aqui é mais como uma sugestão.
#5 Video Girl - FKA Twigs. A mais felizinha
Essa aqui é do primeiro albúm da Twigs, o LP1. Eu defini como a mais feliz da lista porque a letra ainda trás um pouco de autoestima, mesmo tendo muito questionamento de capacidade. Comportamento completamente normal pra idade.
O contexto por trás, se interessa, tem a ver com como a carreira da Franciska Karla (FKA) Twigs começou. Antes de ser cantora, ela trabalhava com dança, trabalhou inclusive com a avó dos homossexuais, a Kylie Minogue. Daí, essa música é sobre ela ter escolhido trocar de carreira, passar de um elemento de perfomance de alguém para ser o seu próprio centro. Eu não troquei de carreira com 19 anos, mas foi um tempo de muito questionamento sobre o meu valor, se fiz a escolha certa, se algum dia vou ser reconhecida.
Ainda assim, a letra indica uma dúvida sobre si que eu acho que é muito comum para nós jovens perturbados. Num dia você tem certeza que é ótimo, cheio de potencial, que vai brilhar na vida. No outro você acorda tendo certeza que é a pessoa com menos habilidades e chance de sucesso no mundo.
#4 Nineteen - Hayley Williams. Na verdade, é um cover que vem originalmente de Tegan & Sara.
Essa é pra quem conseguiu arrumar um amor com 19 anos, viveu intensamente e ainda terminou antes dos 20. Particularmente, não me encaixo muito nessa descrição, já que eu terminei pela terceira vez (com a mesma pessoa) aos 17 e apesar de ter arrumado um amor aos 19 anos, a gente ta bem longe de terminar (e agora já tenho 20! HÁ!)
Eu amo escutar música sobre término sabendo que minha vida está ótima. Ás vezes da até vontade de pedir pra namorada simular que está me tratando mal pra eu fazer uma cena escorregando na porta do quarto ouvindo “Never is a promise” da Fiona Apple.
Esse cover é de 2017, e foi regravado como uma comemoração aos 10 anos do albúm de origem de Tegan & Sara, duas sapatonas canadenses. Vou confessar, essa é a única música delas que eu escuto ativamente. Talvez alguém que fosse um jovem indie em 2007 pudesse falar melhor sobre a dupla. Eu tinha só 3 anos na época.
#3 Teenage Dream - Olivia Rodrigo. Sem a Rodriguinha eu não vivo.
Antes de tudo eu queria deixar claro que, por mais engraçado que pareça, eu sou MUITO fã da Olivia. Alguns dias considero ela uma prima, em outros, quase uma namorada. Temos uma conexão de almas aqui.
Pra mim, a Rodriguinha tem uma habilidade enorme em ser quem ela é, e eu acho isso fantástico. Ela é exatamente como eu e boa parte das meninhas tristes do mundo inteiro.Pode ter quem critique, que ache raso, coisa de adolescente, drama de mulherzinha. Mas a gente não tem vergonha de ser quem é. Claro que temos atitudes imaturas. Ainda ‘tá permitido ser jovem!
Quando ela posta vídeo no tiktok interagindo com a Chappel Roan, encontrando a Pinkpantheress na rua, falando dos artistas preferidos dela, mais eu acabo gostando. Ela é um retrato do que conecta melhor as pessoas (como eu) da minha geração. Faz show distribuindo panfleto pró-aborto e dá entrevista falando sobre escrever fanfic.
Eu tenho certeza que, ao invés de ser uma estadunidense amarela, se ela tivesse nascido uma pardinha brasileira nós seríamos a mesma pessoa.
Dito tudo isso. Precisamos falar sobre o Guts. Esse álbum está me fazendo de refém a partir do momento que foi lançado. Eu amo o pop-rock-meio-emo-paramore que essa garota faz.
Essa música em específico é uma famosa balada, extremamente honesta, que traduziu muitas coisas que eu andei sentindo nesse último ano. Toda essa questão de questionar o seu valor a partir das outras pessoas, e muitas vezes realmente acreditar que talvez tudo de bom que tinha em você já foi consumido. Extremamente 19 anos e eu não digo de uma forma irônica.
#2 Nineteen - PinkPantheress. Beethoven da nossa geração. Revolucionou o pop sendo surda de um ouvido.
Tendo falado da minha namorada Olivia Rodrigo, eu não poderia deixar de lado a minha segunda namorada PinkPantheress. Até porque uma abriu show de turnê pra outra e eu não quero deixar ninguém com ciúmes!
Eu poderia passar horas falando sobre como a PinkPantheress mudou pra sempre as tendências da música. Como ela trouxe o drum’n’bass e o jungle de volta, com uma nova roupagem pop. Como ela se tornou uma das minhas produtoras preferidas desde quando eu descobri a Sophie. Podia falar tudo isso e não seria suficiente pra dizer o quanto eu amo essa garota.
A Pink vem da mesma safra da Rodriguinha, tendo como diferença o fato de que, na minha cabeça, ela É brasileira e mora em Itaquera, vizinha da Kali Uchis. O nome da mulher é Victoria!!!
Agora, realmente focando na música. Eu gosto muito que ela nunca cantou essa ao vivo, pela particularidade da letra. Num geral, é sobre uma fase que algumas pessoas passam (eu inclusa) de se sentir desconectada de tudo e todos, mas principalmente amigos e família. É a depressão do começo da vida adulta.
Não sei se todo mundo consegue encontrar uma identificação nessa, mas pra mim é muito claro essa questão de se sentir mudada mas ao mesmo tempo igual. O sentimento de que a vida de todo mundo progride, menos a sua.
Eu não esperava menos de uma mixtape chamada “To Hell With It”, cujo o single mais escutado chama “Pain”. Sem contar que ela é negra.
1# Perfect Places - Lorde. Não poderia ser outra, eu aguardei pra viver o Melodrama

Eu faria muitas coisas pra ter 19 anos na mesma época que a Lorde tinha e soltou esse eterno banger. Ela quase me convenceu que essa idade era incrível de viver. Não é atoa que o Jack Antonoff fica tentando recriar o albúm com todo mundo que ele produz desde 2017.
Amo aquela teoria que cada albúm que ela soltou foi inspirado na droga que ela mais usou na época, sendo o do Melodrama objetivamente o MDMA. A mulher virou clubber e dropava uma bala a cada 12h depois do término com um homem horroroso. O resultado disso é que 7 anos depois fez um feat com a Charli XCX que marcou pra sempre o gay mais insuportável que você conhece (eu).
É uma ótima escolha pra representar o fim da quebra que o começo da vida adulta representa, pelo menos pra mim. Eu classificaria como música para ouvir voltando bêbada de uma festa no Uber enquanto você observa a cidade e pensa “Nossa, como é bonita a vida noturna.” Completamente transtornada.
A gente vai pra festa, bebe todas, usa tudo, fica com todo mundo (se for bonito, não vamos exagerar também), a gente morre de vergonha de sentir qualquer coisa e tem uma dificuldade enorme de ficar sozinho. E no fim, a gente não tem ideia do que ‘tá fazendo e qual é o caminho certo para se sentir bem.